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  ‘Um anjinho que nunca fez mal a ninguém’; família acusa UPA de negligência em Cascavel  
  Publicado em 23 de Março de 2017  
 
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‘Um anjinho que nunca fez mal a ninguém’; família acusa UPA de negligência em Cascavel

Fonte: Gazeta do Paraná

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Ele foi tratado pior que um traficante. Quando um traficante morre, eles ao menos apuram as causas no IML. Meu sobrinho foi encaminhado diretamente para a Acesc. Um anjinho que nunca fez mal a ninguém”.

 

A afirmação é de Cristiano Caetano, tio de Renato Duarte Caetano, de 14 anos, que morreu na última segunda-feira (20). O menino passou duas vezes pela UPA Brasília e foi “mandado embora”, depois, no Hospital Doutor Lima, acabou falecendo.

 

A família buscou atendimento para o menino na madrugada de quinta para sexta-feira (17) e na madrugada seguinte (18). Segundo a direção da UPA, ele foi atendido pelos médicos plantonistas.

 

“Ele reclamava de dor nas articulações. Nas duas vezes os médicos deram injeção, antibiótico e receitaram analgésico, mas a dor não passava” relata o tio de Renato.

 

Na manhã de segunda-feira o Consamu (Consórcio Intermunicipal do SAMU-Oeste) foi acionado para que um leito no HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) fosse disponibilizado. Renato acabou sendo internado no início da tarde no hospital Dr. Lima onde morreu. A causa da morte ainda não foi revelada, mas acredita-se que Renato tenha sofrido choque abdominal por conta de uma apendicite.

 

“Quando ele estava internado, a febre começou a aumentar e os batimentos diminuíram muito rápido. O que causou isso tudo foi o atendimento errado que recebeu. Trataram de uma coisa, quando ele recamava de outra” lamenta o tio de Renato.

 

Segundo funcionários do hospital Dr. Lima, o caso está sendo apurado conforme o procedimento, e as informações serão repassadas à família.

 

A Secretaria Municipal de Saúde afirma que está apurando o caso e os procedimentos aos quais Renato foi submetido na unidade. O secretário de saúde Rubens Griep nega que tenha havido negligência por parte da equipe médica da UPA Brasília. “O paciente foi atendido e o procedimento necessário foi realizado conforme o quadro que ele apresentava naquele momento. Precisamos constatar se houve um agravamento da situação após o atendimento na UPA”. 

 

O corpo do menino foi encaminhado para a Acesc (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Cascavel) que providenciou a liberação para o sepultamento realizado na terça-feira.

 

NÃO ERA URGENTE

De acordo com o que foi apurado até agora, Renato não foi atendido em regime de urgência. O motivo é que as unidades de pronto-atendimento selecionam os atendimentos de acordo com a chamada “Triagem Classificatória de Risco”, uma normativa do Ministério da Saúde.

 

Segundo o próprio secretário Griep, Renato foi atendido na chamada classificação verde, ou seja, não emergencial. Atualmente, a média de espera dos pacientes nessa faixa de risco é de 4 horas. Pessoas que apresentam menor risco se enquadram nas faixas laranja ou amarelo, e aguardam de 30 minutos a 1 hora.

 

SINDICÂNCIA

O prefeito Leonaldo Paranhos determinou a imediata abertura de uma sindicância para apurar se houve negligência ou erro por parte dos profissionais que atenderam o adolescente. "Precisa de uma resposta à família e também à sociedade que, muitas vezes, só tem o serviço público como alternativa para buscar atendimento" declarou Paranhos.

 

Segundo a assessoria, a comissão de sindicância já foi designada, composta por três servidores estatutários, sendo um advogado, um médico e um agente administrativo com experiência em processos desta natureza, e terá prazo de 30 dias para proceder as investigações de "ação ou omissão" para determinar se houve, ou não, erro ou negligência no atendimento do adolescente quando esteve na unidade da saúde municipal.

 

O prefeito também encaminhou um pedido para que o Ministério Público também investigue o caso.

 

O caso veio a tona a partir de um pronunciamento do vereador Gugu Bueno na sessão de terça-feira (22).

 

O tio de Renato afirma que a família vai ajudar em tudo o que for possível para que ocaso seja esclarecido e, se houve irregularidade, que haja justiça.

 

“Vamos cooperar em tudo para que a família possa ter um pouco de paz”, finaliza.

 

ESPERA POR LEITOS

No último final de semana, quando a família de Renato buscou atendimento, estavam registrados 83 pacientes nas três unidades da cidade (UPA Brasília, UPA Veneza, UPA Pediatria). Destes, 41 aguardavam leitos pela central do estado, responsável pela administração dos internamentos. Isso significa que os pacientes já deveriam ter sido transferidos da UPA para um hospital.

 

A Secretaria de Saúde afirma que opera minimamente com três médicos, média durante os plantões da madrugada. Nos períodos de maior fluxo, ou seja, durante o dia, opera com quatro ou cinco médicos. “Atualmente, enfrentamos problemas para compor o quadro de plantões. Estamos operando em regime de hora extra, o que sobrecarrega o profissional”.

 

As horas-extras têm custado aos cofres municipais R$ 400 mil mensais, direcionados ao pagamento de médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem.

 

O secretário afirma que a situação deve melhorar com as novas contratações. “O concurso geral do município terá inscrições abertas no mês de abril, após todos os processos, esperamos novos profissionais no nosso quadro”.

 
 
 
 
     
 

 
 
     
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