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  Juiz usa Bíblia para justificar violência contra mulher e absolve agressores  
  Publicado em 26 de Outubro de 2017  
 
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Juiz usa Bíblia para justificar violência contra mulher e absolve agressores

Fonte: Marie Claire

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O juiz desembargador Neto de Moura, do Tribunal da Relação do Porto, usou a Bíblia para justificar a violência contra uma mulher que foi violentamente agredida pelo marido e o ex-amante numa emboscada forjada pelos dois.

 

Na decisão em segunda instância, o juiz manteve a suspensão da pena dos agressores e culpabilizou a vítima pela violência, alegando que ela teria cometido adultério --ato, segundo o magistrado, punido com a morte na Bíblia.

 

"Ora, o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem. Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte. Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte”, justificou. “Ainda não foi há muito tempo que a lei penal (Código Penal de 1886, artigo 372.0 ) punia com uma pena pouco mais que simbólica o homem que, achando sua mulher em adultério, nesse ato a matasse”, afirmou Neto de Moura no acórdão divulgado pelo jornal “Público” neste mês.

 

De acordo com o processo, a vítima teria sido sequestrada pelo ex-amante e levada ao encontro do marido em junho de 2015, de quem havia se separado um mês antes. os agressores usaram um bastão com pregos na ponta durante as agressões.

 

O juiz, porém, considerou que o marido teria cometido o crime motivado pelo sofrimento d eter sido traído. “Foi a deslealdade e a imoralidade sexual da assistente que fez o arguido cair em profunda depressão e foi nesse estado depressivo e toldado pela revolta que praticou o ato de agressão”.

 

O caso foi parar na justiça, que condenou o ex-marido a 1 ano e 3 meses de prisão e o ex-amante, a 1 ano de prisão. A execução da sentença, porém, foi suspensa. O Ministério Público recorreu da decisão a ingressou com um recurso em segunda instância para que as penas fossem ampliadas. O juiz Neto de Moura negou, afirmando que a violência “ocorreu num contexto de adultério praticado” pela vítima.

 

 

PROTESTOS

Várias entidades protestaram contra a sentença. A Associação de Mulheres Juristas considerou a decisão com aberrante. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima voltou a lembrar que o juiz já havia minimizado um caso em 2013 quando uma mulher com o filho no colo foi agredida pelo marido.

 

Grupos feministas preparam uma manifestação em Lisboa e em Porto contra o acórdão. Uma petição também foi criada pedindo que Conselho Superior da Magistratura e o Provedor de Justiça tomem medidas cabíveis contra a decisão.

 

A Conferência Episcopal Portuguesa foi outra entidade que criticou a sentença, se dizendo contra o uso da Bíblia para fundamentar as decisões, “ainda mais neste caso em que há uso incorreto ou incompleto” dos textos bíblicos.

 

O Conselho Superior da Magistratura informou que não poderá intervir, pois os tribunais são independentes.

 
 
 
 
     
 

 
 
     
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