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Impacto das geadas no Sul pode ser menor do que o esperado
25/07/2013 09:45:41
 
 
 

 

Por Germano Rorato / Agência RBS / Agência O Globo

 

Apesar das baixas temperaturas e das geadas que afetaram diversas regiões do Sul do país na madrugada desta quarta-feira (24/7), o impacto na agricultura não foi tão intenso quanto se esperava. Pelo menos até agora. Em algumas regiões, pode acontecer justamente o contrário: o frio pode ajudar a maturar os grãos de trigo e milho e aumentar a qualidade dos nutrientes.

 

A geada atingiu 15 cidades do Rio Grande do Sul e 15 em Santa Catarina. No Paraná, 44 municípios estão com temperaturas abaixo de 0ºC. No entanto, ainda é cedo para mensurar o impacto real das geadas na produção. Cooperativas da região irão levar de uma semana a dez dias para fazer uma avaliação completa da produção na região.

 

No Estado gaúcho, a geada não trouxe grandes danos às culturas de trigo ou cevada, segundo Fernando Geraldo Martins, coordenador técnico da Cotrijal. Por causa das chuvas do mês de junho, o plantio começou com atraso. Por isso, a produção está em estágio precoce e menos sensível ao frio ou à neve. No período atual, que é de perfilhamento e alongamento dos grãos, a geada inclusive favorece a qualidade do trigo. A espiga ainda esta protegida e os grãos maturam melhor por causa do frio, acumulando mais nutrientes.

 

Segundo Martins, o gelo já havia derretido dos campos pela manhã desta quarta-feira (24/7), o que diminuiu os danos. O frio intenso atrasou apenas a aplicação de uréia e de herbicidas, “mas nada que comprometa a produção”, diz Martins.

 

Em Santa Catarina, o impacto também não foi tão intenso. Pelo contrário. Para Romeo Bet, presidente da Coorperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), “a geada foi até benéfica, porque veio na época certa”. No oeste de Santa Catarina, as terras estão no período entressafra; a colheita já ocorreu e os produtores estão aguardando o inverno para um novo plantio. Na região, não há grande produção de frutas e hortaliças.

 

No Paraná, há diversas culturas em estágios de maturação diferentes, o que dificulta a tarefa de contabilizar o impacto das geadas. Nas lavouras de trigo em estágios de florescimento ou de grão leitoso o prejuízo será maior, segundo Emerson da Silva Nunes, coordenador técnico de culturas anuais da Cocamar.

 

A produção de milho já estava mais avançada. As geadas queimam o grão, que começa a brotar antes na espiga, antes da colheita. Isso interfere na qualidade do grão, mas não na sua produtividade. Sobre a produção do café, Nunes avalia que os municípios de Carlópolis, Umuarama e Antônia, entre outras regiões cafeeeiras, foram bastante atingidos e a produção do próximo ano pode ser afetada.