A Polícia Civil do Paraná prendeu neste domingo (24), em Cascavel, um padre de 41 anos acusado de abusar sexualmente de crianças, adolescentes e jovens adultos. A prisão faz parte da operação chamada “Lobo em Pele de Cordeiro”, conduzida pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).
Segundo a delegada Thais Regina Zanatta, responsável pelo caso, as investigações começaram em julho deste ano, depois de um relatório da Polícia Militar apontar suspeitas de abusos. O padre já estava afastado das funções religiosas desde agosto, por determinação da Diocese de Cascavel.
Histórico de abusos
Os primeiros relatos remontam a 2009 e 2010, quando o padre ainda era seminarista. Ele teria tentado abusar de outro seminarista que estava sob efeito de sonolência, condição considerada vulnerável pela lei. O caso chegou a ser levado ao arcebispo da época, mas acabou abafado com um “acordo” para que não fosse denunciado às autoridades. Esse arcebispo, que também tinha acusações de abuso, morreu em 2021.
Entre 2013 e 2014, já atuando em uma igreja de Cascavel, o padre teria oferecido bebidas alcoólicas a adolescentes, presenteado alguns deles e permitido que dormissem em seu quarto. Há testemunhos de que meninos chegaram a pernoitar na mesma cama do religioso.
Em 2019, um jovem em processo de recuperação de drogas teria sido dopado e abusado após ser convencido a passar noites na casa paroquial.
Número de vítimas
Até o momento, três vítimas foram oficialmente identificadas, todas do sexo masculino — uma menor de idade à época dos fatos e duas maiores. No total, onze pessoas já foram ouvidas e parte delas, inicialmente chamadas como testemunhas, também revelou ter sido vítima.
Prisão e investigações
A prisão temporária foi decretada porque o padre vinha tentando entrar em contato com testemunhas e possíveis vítimas, o que poderia atrapalhar as apurações. Ele foi levado para a Cadeia Pública de Cascavel, onde aguarda interrogatório.
Durante o cumprimento dos mandados de busca, a polícia apreendeu computadores e celulares que passarão por perícia. Além dos abusos, há suspeitas de irregularidades financeiras na paróquia e até de exercício ilegal da medicina, já que o padre oferecia terapias em uma clínica própria.
Denúncias
A Polícia Civil reforça que outras vítimas podem existir e pede que denúncias sejam feitas pelos telefones do Nucria de Cascavel: (45) 3326-4909, ou ainda pelos canais nacionais Disque 100 e Disque 181.