A Câmara Municipal de Campina da Lagoa oficializou a devolução de R$ 784.509,58 ao Executivo na tarde desta segunda-feira (29). O ato foi realizado no gabinete da prefeitura, com a presença do presidente do Legislativo, Ivan da Saúde, acompanhado dos vereadores Neto Cabreira, Celso Passafaro, Leidy Luz, Cal Maurício, Chiquinho, Zé do Bar e do agora ex-vereador Alexandre Magrão.
Apesar de o valor ter sido publicamente atribuído a uma suposta “economia gerada pelo Legislativo”, a análise comparativa entre os exercícios de 2024 e 2025 revela um cenário distinto, influenciado por dois fatores centrais: redução nos repasses recebidos e aumento expressivo em despesas internas, o que indica que o montante devolvido se refere, tecnicamente, a sobras orçamentárias, e não a economia real sobre o orçamento planejado.
Sobras devolvidas diminuíram quase R$ 500 mil em um ano
Em 2024, a Câmara devolveu ao município R$ 1.277.653,93. Já em 2025, as sobras ficaram em R$ 784.509,58, representando uma redução de R$ 493.144,35 no valor retornado aos cofres municipais.
Repasses ao Legislativo também caíram em 2025
Os repasses recebidos pela Câmara em 2024 somaram R$ 2.894.676,00. No ano de 2025, o orçamento recebido foi de R$ 2.772.909,34, uma queda de R$ 121.766,66.
O recuo nos repasses ocorre em paralelo a uma redução na arrecadação municipal em 2025, na ordem de R$ 2.772.909,34, o que impactou diretamente o orçamento disponível ao Legislativo.
Despesas internas cresceram proporcionalmente, mesmo com orçamento menor
Os gastos da Câmara em 2025 apresentaram alta significativa quando comparados ao ano anterior:
Contribuições de servidores: R$ 117.029,55 em 2024, contra R$ 189.250,05 em 2025 — aumento de R$ 72.220,50;
Folha de pagamento: R$ 913.264,50 em 2024, contra R$ 1.149.658,42 em 2025 — crescimento de R$ 236.393,92;
Diárias: R$ 62.275,00 em 2024, contra R$ 183.400,00 em 2025 — elevação de R$ 121.125,00, o maior salto proporcional entre as despesas analisadas.
Dinheiro devolvido tem sugestão de destino social
Durante a entrega, o Legislativo sugeriu que os recursos retornados sejam aplicados em custeio do transporte de universitários e na aquisição de terreno para moradias populares (casas populares), indicações que, segundo o presidente da Casa, tiveram aceitação unânime entre os vereadores e sinalização positiva do Executivo para a destinação proposta.
Embora as áreas sugeridas representem demandas sociais legítimas, os dados demonstram que, em 2025, o Legislativo recebeu menos recursos do que no ano anterior e, ainda assim, registrou aumento expressivo em despesas internas, o que enfraquece a narrativa de austeridade ampla e reforça que a devolução se trata de sobras orçamentárias decorrentes do contexto fiscal e da execução parcial do orçamento, e não necessariamente de uma economia efetiva sobre os gastos originalmente previstos.
Próximos passos
A prefeitura deverá formalizar, via atos administrativos e orçamentários, os encaminhamentos para a aplicação do valor devolvido, respeitando o rito legal do orçamento público.
