Por Katna Baran, Chico Maréz,
Angieli Maros e Carolina Pompeo, especial para Gazeta do Povo.
Decisão define o cenário eleitoral no estado e surpreende os
que contavam como certa a aliança do partido com o tucano Beto Richa.
Por uma diferença de 69 votos, o PMDB do Paraná decidiu ontem
lançar o senador Roberto Requião como candidato ao governo do estado. A posição
do partido era considerada peça-chave para definir o cenário eleitoral no
estado e afeta, principalmente, a candidatura do governador Beto Richa (PSDB).
O grupo de Richa dava como certa a aliança com os peemedebistas.
O grupo do PMDB que defendia coligação com os tucanos recebeu
250 votos, já Requião conseguiu 319. Houve ainda quatro votos nulos e um em
branco. Com a votação, Requião derrotou a opção defendida pela maior parte dos
deputados estaduais, pela direção do partido e pelo ex-governador Orlando
Pessuti. A legenda vai agora formar um segundo palanque no estado para a
presidente Dilma Rousseff (PT), que também conta com o apoio da senadora e
pré-candidata ao governo do Paraná Gleisi Hoffmann (PT).
O clima da convenção foi tenso, marcado por brigas entre os
grupos pró-Requião e os defensores da coligação com os tucanos, com a decisão,
cresce a chance de a eleição ir ao segundo turno.
Senado e vice
Depois de decidir pela candidatura própria, o PMDB definiu
que o suplente de deputado federal Marcelo Almeida será o candidato ao Senado
na chapa, mas resolveu adiar para o final do mês a decisão dos candidatos a
suplentes de senador e a vice-governador.
Um dos nomes citados a vice na convenção foi o do deputado
estadual Gilberto Martin (PMDB), em uma provável chapa pura, mas alianças com
outros partidos não estão descartadas. Outro nome cotado é o da deputada
federal Rosane Ferreira (PV), que não esconde a pretensão de entrar como vice
na chapa, mas acredita ser difícil que o PMDB abra espaço para isso. O partido
também deve definir ainda se fará coligações para as eleições proporcionais.
Discursos
Em discurso durante a convenção, Requião afirmou que Beto
Richa foi o pior governador da história do Paraná e criticou também a atuação
do PSDB em âmbito nacional, enfatizando que o PMDB não poderia fazer coligação
com o partido. “Essa tentativa de coligação vai ser absolutamente malsucedida.
Reconheço o constrangimento no rosto daqueles que sabem que fizeram a escolha
errada”, declarou.
Pessuti também pediu a palavra e enfatizou casos em que
Requião teria impossibilitado a candidatura de membros do PMDB. Até o início da
semana, o ex-governador também era pré-candidato ao governo pelo partido, mas
abriu mão da disputa e decidiu se aliar ao grupo dos parlamentares. Ele
declarou que não deve fazer campanha para Requião. “A reconciliação tem que
partir do vencedor. Se o Requião quiser unidade partidária, terá que
construí-la.”
Já o presidente estadual do PMDB, Osmar Serraglio, que fazia
parte do grupo favorável à coligação com Richa, amenizou o racha entre os
partidários. “É hora de buscar apoios e manter o partido unido em torno da
candidatura de Requião”, avaliou. Depois do resultado final, Requião discursou
novamente e comemorou: “Não fui eu que venci, foi o velho MDB de guerra.”
Richa diz respeitar a decisão da sigla
A decisão do PMDB de apoiar a candidatura de Roberto Requião
para o governo do estado gera repercussão em todo o cenário eleitoral, mas
principalmente nos planos de reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Os
tucanos consideravam a aliança como certa e inclusive já haviam reservado a
vaga de vice para o partido. Entre os cotados, estavam o presidente do PMDB no
Paraná, deputado federal Osmar Serraglio, o deputado estadual Caíto Quintana e
o ex-governador Orlando Pessuti.
Por meio de sua assessoria, Richa afirmou que encara com
naturalidade a decisão do PMDB e disse respeitar a posição dos convencionais do
partido. Ressaltou que, apesar de ter muitos amigos peemedebistas, a legenda já
não fez parte da coligação pela qual ele se elegeu em 2010. Para a disputa
deste ano, o tucano afirmou que a sua chapa deverá contar com 14 partidos,
incluindo o PSC e o PR, que foram adversários há quatro anos. Sobre o vice, o
tucano declarou que vai discutir o assunto com as legendas aliadas até a data
da convenção do PSDB, marcada para o dia 29.
Líder do governo na Assembleia Legislativa e principal
articulador da aliança com peemedebistas, Ademar Traiano (PSDB) declarou que já
considerava a possibilidade de fracasso da coligação. Ele acredita, porém, que
o resultado não deve interferir na base de apoio do governo na Casa. Entre os
13 peemedebistas da Assembleia, onze apoiam Beto Richa.
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