Por Walter Pereira
Um grupo de trabalhadores rurais do Movimento de Luta pela
Terra (MLT) está concentrado desde o início desta semana às margens da rodovia
BR-487, mais conhecida como Estrada Boiadeira, no distrito de São Geraldo. Até
o fim desta semana, pelo menos 122 famílias deverão estar acampadas no local,
segundo o líder do movimento, Antonio da Conceição.
O grupo reivindica ao Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra) terras da região, que segundo Conceição estão com
hipotecas atrasadas e documentações irregulares, mas mesmo assim vem ocupadas
por fazendeiros. Todos os acampados são da região de Araruna, em sua maioria
pessoas desempregadas, que trabalham na informalidade em pequenas propriedades
rurais do município.
Apesar de segundo informações, o alvo do MLT ser a
propriedade Cinzeiro, que estaria em litígio, o líder do movimento não
confirmou a pretensão. Segundo ele, são vários lotes alvos do grupo, porém não
revelou as propriedades. “A gente não vai dar nome aos bois”, falou.
Conceição afirmou que
o movimento quer ser enquadrado no programa do Governo Federal “Casulo”. O
projeto assenta famílias em propriedades consideras improdutivas ou com
pendências judiciais. O líder do movimento disse que está fazendo contato com o
Incra. “Vamos repassar todos os cadastros das famílias para o Incra e aguardar
o andamento”, frisou. Após todos os cadastros preenchidos, também as áreas
levantadas pelo movimento serão apresentas ao Incra.
O líder do MLT falou que o movimento não tem qualquer
interesse em invadir propriedades no local. “O movimento prisma o assentamento
do povo brasileiro. Vamos ser assentados de forma legal, sem briga e sem
confronto. Não vamos entrar em conflito com fazendeiros”, esclareceu. Conceição
acrescentou que as famílias permanecerão acampadas até que o Incra se posicione
sobre o assunto.
Conceição disse ainda que o movimento não tem ligação
partidária ou envolvimento com políticos. Ele informou que o total de terras
que estão ocupadas irregularmente por fazendeiros na região, assenta três vezes
mais o total de famílias alojadas às margens da rodovia. “São áreas que sabemos
que estão com documentos atrasados, áreas em leilão e com hipotecas vencidas há
mais de 50 anos. Áreas que não tem valor algum para o governo, mas mesmo assim
estão tocando elas por ‘baixo do pano’”, argumentou.
Barracos de lonas
Todas as famílias do movimento estão acampadas em barracos de
lonas improvisados na beira da Boiadeira. A maioria dos integrantes são
bóias-frias de Araruna. Segundo Conceição, todos ficaram desempregados após as
fiscalizações do Ministério do Trabalho, que tem autuado nos últimos meses
pequenos produtores por empregar na informalidade. “Como eles não tem condições
de pagar o registro despediram todo mundo”, lamentou. 
O MLT
O Movimento de Luta pela Terra (MLT) surgiu em 1994, no sul
da Bahia, com o desemprego provocado pela crise das fazendas de cacau da
região. Está organizado em quatro Estados: Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Pará.
Mas está presente também no Paraná, Mato Grosso, entre outros esteados. O
movimento reúne mais de quatro mil famílias em todo o país. 
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