Com informações do Tabloide Regional
Inquérito Civil apura possível direcionamento de licitação e favorecimento em contratos firmados na gestão anterior.
Uma obra que deveria servir para o lazer e o bem-estar da população acabou se tornando símbolo de desconfiança e desperdício de dinheiro público em Campina da Lagoa. A pista de caminhada, iniciada ainda na gestão anterior e paralisada desde o final daquele mandato, entrou na mira do Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR), que instaurou o Inquérito Civil nº 0021.25.000311-4 para apurar possíveis irregularidades em licitações e uso de recursos públicos.
O procedimento foi aberto pela Promotoria de Justiça de Campina da Lagoa, após o recebimento de denúncia anônima relatando suposto favorecimento e direcionamento em pregões realizados pelo Município, além de conflito de interesses e nepotismo envolvendo a contratação da empresa responsável pelo fornecimento de concreto usinado.
A denúncia também apontou o uso irregular de equipamentos particulares em obras públicas, sem contrato formal, o que configuraria violação aos princípios da administração pública.
De acordo com o Ministério Público, a própria administração municipal confirmou vínculo de parentesco entre um ex-integrante do alto escalão da Secretaria de Obras e o responsável por uma das empresas contratadas — fato que reforçou a necessidade de investigação.
Com a mudança de gestão, a atual administração optou por não dar continuidade à obra, alegando custo elevado para conclusão e inconsistências herdadas nos contratos e medições. Enquanto isso, o que era para ser um espaço de lazer e convivência da comunidade acabou se transformando em estrutura abandonada, exposta à deterioração e ao olhar indignado da população.
O Ministério Público determinou que o Município apresente cópias de todos os processos de pagamento, notas fiscais e documentos referentes aos Pregões nº 17/2021 e nº 117/2024, além de relacionar as empresas participantes e realizar um levantamento de mercado sobre o preço do concreto usinado na região.
Também foi requisitado o histórico societário das empresas investigadas, a fim de verificar possível interferência política ou conflito de interesses na condução dos contratos.
A investigação tramita sob sigilo administrativo e busca esclarecer se houve fraude, direcionamento, uso indevido de equipamentos e eventual nepotismo, que possam ter comprometido a lisura da aplicação dos recursos públicos.
Em entrevista à Rádio Mais FM, o prefeito de Campina da Lagoa comentou a decisão de não retomar a obra.
“A pista foi iniciada até determinado ponto e, depois, parou. Nós não demos continuidade porque, ao procurar, não encontrei o projeto nem a autorização do DER. Inclusive, a própria promotora de Justiça solicitou esclarecimentos, e foi exatamente isso que informei — de forma mais detalhada, com toda a documentação necessária. Não é uma grande prioridade do município no momento, mas, se existissem o projeto e a autorização, certamente daríamos sequência. Como não há, estamos focando em outros projetos”, declarou.
.jpeg)